O presente não existe. É apenas o futuro se transformando em passado. É uma massa enorme de futuro sendo engolida pelo passado, bem na sua frente. É um turbilhão de acontecimentos e emoções que acorda a mente eternamente adormecida.
Eu me lembro quando tinha 8 anos
e meu pai me levou ao cinema pela primeira vez. O filme em preto e branco
estava passando em uma tela enorme. Fiquei fascinado com cada cena projetada
diante dos meus olhos. Curioso e cheio de perguntas, pedi a meu pai para me
levar até a sala de projeção.
Lá, o técnico me mostrou uma
máquina imponente com dois rolos. Ele explicou pacientemente: "Este rolo é
o que já passou do filme, e este outro é do que ainda vai passar".
"É como o passado e o
futuro?", perguntei.
"É sim", ele respondeu.
"
“E o presente?", questionei.
"Ele não está representado
aqui nesta máquina, mas lá embaixo. É a experiência de assistir ao filme".
Aquele momento, onde a
compreensão do passado, do futuro e do presente se entrelaçavam, marcou minha
mente de forma permanente.
Desde então, aquela visão do
cinema nunca me saiu da cabeça, e, mais tarde, me fez refletir sobre a natureza
do tempo. Aquela máquina com seus dois rolos tornou-se uma metáfora poderosa
para buscar entender a complexidade temporal que permeia nossas vidas.
Os filósofos têm abordado a
natureza do tempo ao longo da história, oferecendo diversas perspectivas e
teorias sobre esse fenômeno complexo. Vários pensadores questionam a existência
do presente como uma entidade distinta e independente. Essa visão argumenta que
o presente é efêmero e não pode ser separado do fluxo contínuo do tempo, sendo
apenas a transição do futuro para o passado.
Essa ideia do tempo pode nos
levar a presumir que, devido a inexistência de um presente independente, o
futuro depende completamente do passado. É o passado o único responsável por
moldar o futuro. Essa consideração tem um impacto importante na nossa vida.
Significa que não podemos fazer
nada para mudar o nosso futuro? Não. Mesmo que o presente seja visto como uma
ilusão e não possua uma existência concreta, nossa capacidade de influenciar o
futuro não desaparece. Como seres humanos, estamos constantemente gerando um
novo passado à medida que tomamos decisões e agimos. Essas ações e escolhas
moldam nossa trajetória e criam um conjunto de experiências que exercem
influência sobre as circunstâncias futuras.
Dessa forma, embora o presente
possa ser concebido como uma miragem transitória, nossa capacidade de impactar
o futuro persiste. Cada momento vivido e cada decisão tomada são como tijolos
que constroem o alicerce do nosso passado em constante evolução. Esse passado,
por sua vez, influencia as escolhas que fazemos no futuro, criando um ciclo
contínuo de interação entre as dimensões do tempo.
Se o presente não existe como uma
entidade independente, então, como é possível percebermos o presente? A
neurociência investiga como o cérebro percebe e processa a experiência do
presente. Embora a compreensão ainda esteja em desenvolvimento, estudos sugerem
que a percepção do presente é uma construção complexa que envolve diferentes
regiões cerebrais e processos neurais.
Uma teoria comum na neurociência
é a da "janela temporal". Segundo essa teoria, nosso cérebro combina
informações sensoriais e memorias recentes, juntamente com as expectativas
futuras, para criar uma janela de tempo subjetiva, que nos possibilita a
vivencia do presente.
Essa janela de tempo é
constantemente atualizada à medida que novas informações sensoriais são
processadas e novas memórias e expectativas são formadas. Em outras palavras, a
experiência do presente é uma construção contínua, baseada na integração de
informações sensoriais, memórias e expectativas.
A ideia central é de que o futuro
é determinado pelo passado, o que assume uma importância enorme na nossa
existência. No entanto, embora o passado exerça uma forte influência no futuro,
isso não significa que estamos completamente determinados por ele. Como seres
humanos, temos a capacidade de agir, de tomar decisões e realizar ações que
podem impactar a direção do nosso futuro. Mesmo que o presente seja fugaz e
efêmero, nossas ações contribuem para a criação de um novo passado, que, por
sua vez, molda as possibilidades e oportunidades futuras.
Cuide para construir um passado
que forneça as bases para um futuro melhor e promissor.
Essas são minhas considerações
sobre o tempo e a nossa relação com ele. Se você pensa diferente, por favor,
deixe a sua opinião.
Esse texto, o presente não existe, foi demais.
ResponderExcluirMuito obrigado por ter visitado meu blog. Ainda estou começando, mas seu comentário é uma força para continuar. Tente seguir o blog. Gratidão.
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