A dor é impiedosa. Ela chega sem
aviso, rasga nossas certezas e deixa feridas que parecem impossíveis de
cicatrizar. Muitos atravessam a vida carregando sofrimentos que nunca se
transformam, que apenas pesam em silêncio. E, mesmo quando a dor nos molda, não
há garantia de alívio; a maturidade, se vier, chega tarde, como um consolo
tímido e silencioso.
Mas é na maturidade que talvez resida a pequena vitória que a dor nos concede. Ela não apaga a ferida, nem devolve o que se perdeu, mas nos oferece uma forma de olhar para a vida sem sermos completamente arrastados por ela. E, nesse espaço de sobrevivência, surge a possibilidade de escolha, de ternura, de perceber que, apesar das perdas, ainda há algo que podemos proteger — a nós mesmos e o que nos resta de vida.
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