O tempo sempre se insinuou em minha vida como uma presença ambígua, um companheiro de passos invisíveis que ora estende a mão para suavizar, ora a recolhe para ferir. Aliado, quando dilui na distância a dor aguda dos dias pesados, quando envolve as feridas num manto de esquecimento e devolve, pouco a pouco, a leveza que parecia perdida para sempre. É ele quem empresta perspectiva às escolhas passadas, quem transforma tragédias em lembranças suportáveis, quem devolve o poder de olhar para trás sem se afogar no mesmo peso. Na presença do tempo há ternura: a promessa silenciosa de que nada permanece tão intenso que não possa, um dia, ser respirado com serenidade. Mas o mesmo tempo que acalenta é também um algoz paciente. Avança com dedos invisíveis sobre o corpo, riscando na pele mapas de sua passagem, retirando da carne a agilidade, da mente a inocência, do olhar a novidade. É ele quem sussurra, a cada aniversário, a contagem regressiva que fingimos não ouvir. Nenhum instante é preserv...
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