Ele caminha ao seu lado, mesmo que você nunca tenha notado. Não está à sua frente, onde o futuro costuma estar, nem atrás, onde repousam as lembranças. Ele é diferente de qualquer projeção incerta do que estará por vir, pois não pertence ao domínio das suposições. Ele existe aqui, agora, quase tangível, um reflexo do presente moldado pelas escolhas que não foram feitas.
Alguns o sentem como uma presença sutil, um vulto que acompanha cada passo, sem pressa nem urgência. Para esses, ele é um amigo silencioso, um testemunho de que nada foi em vão. O que hoje existe é resultado de decisões reais, e sua presença conforta, pois revela que o caminho tomado não foi um erro, mas uma entre as muitas possibilidades. Olhar para ele é como ver um espelho que reflete não apenas o que poderíamos ter sido, mas também o que de fato escolhemos ser.
Para outros, no entanto, ele surge como uma sombra inquietante, um fantasma de tudo o que poderia ter sido diferente. Um futuro não realizado, mas que se recusa a desaparecer. Ele não se impõe, mas também não se esconde. Está sempre ali, lembrando que bastava um passo distinto, uma decisão a mais ou a menos, para que tudo fosse outro. Sua existência não condena nem absolve, apenas revela—e é isso que o torna incômodo.
A relação com esse companheiro invisível não é fixa, e poucos se dão conta de que o modo como o enxergamos pode mudar com o tempo. O que um dia foi visto como um peso pode, aos poucos, se transformar em uma lembrança gentil de que a vida é feita de escolhas, e cada escolha, por mais definitiva que pareça, não invalida as demais. Mas também há aqueles que, mesmo sem querer, passam a carregar esse amigo como uma ferida aberta, um lembrete constante de que poderia ter sido diferente.
Ele não julga. Apenas existe. Mas cabe a você
decidir se sua presença é um conforto ou uma inquietação. Porque, no fim, ele é
apenas isso: um futuro que não aconteceu, mas nunca deixou de existir.
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